sábado, 16 de julho de 2011

A notícia em tempo real X A banalização dos valores (TEORIA DA BANALIZAÇÃO)

"A curiosidade se apascenta de notícias, e o mundo é um teatro de novidades."
Marquês de Maricá

Já perceberam que à espreita de grandes catástrofes você sempre encontra o "famoso" internauta que quase sem querer, ou talvez em busca dos seus minutos (muitas vezes segundos) de fama, apresenta vídeos que vão desde pequenos acidentes a verdadeiras tragédias, gravados por câmeras super potentes ou, simplesmente, por celulares aparados por esse recurso.
Apenas para recapitular, quem não lembra das sangrentas imagens da tragédia do Realengo? Se não bastassem as gravações do circuito interno da escola, incrivelmente, tinha ali alguém para registrar a tristeza e pavor do momento. Interessante que a tática ou, a nova proposta de informação, ultrapassou continentes (quem sabe até somos reflexos de um movimento global), e chegou ao tsunami no Japão e flagrou a queda de Bin Laden.
Ontem (13/07), mais uma vez, não foi diferente logo após a lamentável queda do avião da companhia aérea NOAR, em Recife. Diria até que durante e quase imediatamente depois, dezenas de até então "populares" se aproximaram dos destroços da aeronave, dos fragmentos mortais de seres humanos para mais uma vez noticiar em primeira mão e, por alguns instantes, se projetar no mundo virtual.
Durante a noite passada analisei alguns vídeos, assim como as manchetes enviadas pelos mesmos “aspirantes a repórter” e passei a refletir o quão banalizado está o sofrimento, a angústia, a dor e a fragilidade do outro, quando o assunto é notícia. 
É ainda mais difícil imaginar que as imagens, que deveriam representar algo triste, são tratadas de modo subliminar como um troféu pela mídia comercial e sensacionalista. Afinal, você internauta os fez sair na frente com a tão conhecida notícia em tempo real.
Entretanto, numa das mensagens que li, vi que nem tudo está perdido: afinal alguém legendou suas imagens com o relato do seu sentimento de impotência por não poder ajudar aquelas pessoas enquanto o vídeo era gravado. Nossa! Quase...
De fato, nos resta a reflexão: até que ponto não estamos a banalizar valores por uma momentânea e virtual projeção midiática?
Sem dúvida, os "flagrantes" podem ajudar a elucidar o porquê dos acontecimentos, evitar que ingressemos numa situação de perigo, ou garantir uma embasada denúncia acerca do descaso em alguns setores da administração publica. Porém, não podemos esquecer que do outro lado da lente tem uma vida, um ser biológico, psíquico e social, ou ao menos um semelhante que deseja(ria) e precisa(ria) ser respeitado.
Até mais!      

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