segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

REESCREVENDO UMA HISTÓRIA (TEORIA DA MUDANÇA)

Após a dica de filme – PÁGINAS DA REVOLUÇÃO (ver sinopse e trailer abaixo) – do meu grande amigo e revisor desse blog Ribamildo, eis o maravilhoso exercício de escrever algo ao final. Pode não ter ficado o melhor dos textos que você já leu, mas, uma análise de conteúdo é sempre bem vinda, não é mesmo? Faz-me até sentir um tanto intelectual e, sinceramente, garante que nunca mais esquecerei este momento.
Logo, vamos falar de Pereira, um homem que viveu uma história de "submissão" às regras e que precisou ser bombardeado por dados de realidade para sair do imaginário mundo literário que o impedia de ser autor de histórias reais. Interessante que ele estava de certa forma tão alheio aos fatos que o garçom passava a ser o seu maior informante, uma espécie de Journal Man diário.
Psiquicamente, tratava-se de um homem ansioso e solitário que canalizava suas energias no ato de comer. Tinha dificuldade de relacionar-se com a vida, ou diria com o viver e os prazeres que o emergem. Entretanto, vez por outra tinha necessidade de provar a si suas potencialidades e deixava de lado aquilo que o limitava, a sublimação de suas emoções e desejos. Trazendo Freud nota-se, claramente, que não havia equilíbrio entre seu id, ego e superego. O referido escritor passava uma imagem de satisfação, uma espécie de ‘eu me basto’, por outro lado, vê-se a interminável e incessante busca por um feedback, ou seriam insights?
Paralela a narrativa de Pereira todos os personagens vivem momentos de protagonismo – o garçom, os jovens namorados, a estrangeira do trem, o senhor que foi buscá-lo na estação, o médico. De fato, a experiência de todos esses que cruzaram ou, de certa forma, participaram da vida dele foram relevantes e iluminaram o seu mundo com novas concepções e conceitos. Não é à toa que ele fora capaz de nos surpreender com uma fascinante reviravolta em seus escritos e, mais ainda, torna essa obra que acabo de assistir não numa memória póstuma, mas, num diário compartilhado.
Em relação ao contexto aponto a fala do senhor que o buscou na estação quando sutilmente coloca o papel do povo como massa de manobra e, ainda, o lugar do jornalista como aquele que não trabalha, pois, mediante a censura era tolhido no concernente a levar uma informação fidedigna, mas, apenas autorizada.
Por fim, não podia ser diferente, vejo uma veia da Terapia Ocupacional no médico, que acompanhava seu paciente em atividades rotineiras e facilitava a relação com as novas possibilidades de percepção. Em sua conduta terapêutica favorecia desde a fala ativa a estímulos físicos, mentais e sensoriais. Dentre as atividades sugeridas destaco o banho de mar com menos roupa que de costume, de modo a instigar o toque nas algas e também o passá-las pelo seu corpo. Uma rápida análise de atividade me permite afirmar que se tratou de uma estratégia pertinente, pois, incitou no paciente a necessidade de familiariza-se com o “objeto” da mudança – seu corpo – afinal estava ali para emagrecer. Além disso, o médico, nitidamente, detentor de uma visão holística tornou-se parceiro no tratamento de seu cliente e, até mesmo, incorporou o cotidiano proposto ao escritor.
Em resumo, trata-se de uma história simplesmente surpreendente! Vale conferir!



TRAILER: 

SINOPSE: Em Lisboa, sob o regime Salazarista e uma Europa prestes a entrar na Segunda Grande Guerra, Pereira (Marcello Mastroianni) é o editor de um importante jornal. Dentro deste contexto, decide contratar um jornalista para escrever óbitos antecipados de escritores famosos e grandes poetas. Pereira, então, se defronta com um jovem idealista, comprometido com atividades contra revolucionárias. Esse encontro transforma sua vida. Ele abraça com todas as forças uma causa que o torna um homem vigiado e perseguido. Um fugitivo prestes a escrever suas últimas páginas pela liberdade de expressão

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