domingo, 31 de março de 2013

A INSPIRAR – Teoria da Reflexão II


"São muitos os que usam a régua, mas poucos os inspirados." Platão

Hoje as pessoas têm blogs, escrevem para portais, redigem peças documentais, têm um currículo lattes inteiro para preencher de produções textuais, mas, definitivamente, não deve ser fácil ser autor de textos encomendados. Ao mesmo tempo o mundo das cobranças e da informação berram aos vossos ouvidos: ledo engano!

Talvez um discurso vez por outra, é verdade, pode surgir.

Será ou não? Bons escritos e manuscritos só nascem, as palavras só desembocam no papel, quando surge a INSPIRAÇÃO. E esta também não se encomenda, mas, é sabido que se alimenta. E o quão tolo é possível ser ou sentir quando se percebe todo o tempo que é desperdiçado com superficialidades e não investidos numa frutífera inspiração.

Há quem diga, sem medo de errar:

Quando inspirados sentimos,
Ouvimos,
Observamos,
Criamos,
E recriamos, num prazer cíclico e sem igual.


Há outros que realizam, numa ânsia de nutrir de alguma forma sua própria inspiração, 'pequenos' (pois tudo é relativo) e simplórios momentos, verdadeiras rodas de conversa poéticas. E o quão mágico pode ser  cuidar de cada detalhe sensorial envolvido nessa missão, nesse desejo.

Desde o convite à organização da casa. Eis as escolhas: dos atores e até autores, dos aromas que precisam sentir, das melodias que devem os embalar, dos devaneios escritos que poderão os entorpecer e, porque não, as preferências etílicas que às sementes literárias irão regar.

Num momento encantador destes, uma noite talvez, ver pessoas a se conhecer e reencontrar, a cantar, a sorrir, a recitar inspirações de outros e suas também. Sim, poderão ser corações e cérebros reunidos a ouvir, pensar, refletir, ponderar, se emocionar. Um momento que só quem viveu poderá descrever e do seu jeito, porque se inspirou de uma forma tão particularmente sua.

Conhecer e relembrar autores famosos, ou para alguns desconhecidos como Martha Medeiros que, sem rodeios, certamente será um grande encontro que somente a morte poderá separar.

Ah! E como os homens,
Ó tão humanos,
Pensam no morrer, não é mesmo?
Mentira!
Pensam no concreto,
Pensam apenas na morte!


Pois, se pensassem no morrer ou num morrer, sem dúvida passariam vosso legado terrestre inspirando o viver. Motivando a vida com as suas menores conquistas, e fazendo destas sutis passos para as grandes vitórias.

Ler um livro, assistir um filme, meditar, sem autocobranças, sem sanções já se propõe a ser um bom começo, um passo, um arrastado de chinelo inicial. Olha aí, eis o momento de ao menos buscar a inspiração! De trazer a si o fôlego, o ar, a vida!

Ouse! Por um dia, diga não ao Facebook, mas, antes de ir deixe um recado, uma dica e poste: Vou alí... rever conceitos, traçar novos projetos, buscar novas conquistas. Qualquer dia desses eu volto, contando os resultados.

Pois bem, foi na elegante penumbra da chuva, como diria Fernando Pessoa, que surgiu esse texto. Sem dúvida, também fruto de uma discreta, livre e reveladora inspiração.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Posse - Teoria do (RE)começo

"A liberdade de eleição permite que você escolha o molho com o qual será devorado."
Eduardo Galeno.

Eis o inicio do tão esperado novo ano, com uma primeira semana movimentada e marcada por posses. São 5.568 municípios mais uma vez entregues à representantes (pseudo)democraticamente eleitos, prefeitos e vices.

De fato, uns bem principiantes como o Pacheco, a Valéria, o Pinheirinho, o Divaldo. Outros nem tanto, aliás bem experientes, como os eleitos no Vale do Paraíba.

Os vereadores?

Há cidade com apenas 9 eleitos (Borá-SP) e no mesmo estado desta cidade também foram empossados 55 voluntários no legislar em favor do próximo.

Com dúvidas, ou sem dúvida? Deixa pra lá, melhor não entrar no mérito dessa questão. Aliás, falei em mérito?

Pois bem, seriam merecedores de mais um mandato os distintos legisladores de uma grande cidade do nosso país, que reelegeu mais da metade da bancada (24), sendo 16 destes autores da relevante lei que aumentava o exímio e simbólico salário dos mesmos?

O povo disse: SIM! E a esses nobres brasileiros eleitos mais uma vez está sendo legado o poder.

Para trazer paz aos becos e esquinas. Saúde aos enfermos ainda enfileirados, mas, tão bem cuidados por um rol tão pouco valorizado. Educação de base, bem estruturada e de qualidade às crianças, jovens e, ainda adultos iletrados. E por que não tetos, chãos, paredes e jardins a um povo tão esperançoso que acredita no porvir.

Esperança? Como é o ato de esperar. Não poderia deixar de satirizar, então parafraseando Irmã Zuleide: #OREMOS.

Sim. Ó como tão fraca, repleta de lacunas e pontos embaçados parece estar a memória brasileira. E, pasmem, em pleno século XXI, não encontrei um artigo, periódico ou livro sequer que explique biologicamente o que acontece com os cérebros desta nação.

Sociologicamente, só consigo lembrar do grande Chico:
[…]
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
[...]
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo…

Assim, nem me atrevo a traçar conclusões, ou pior desprender aqui palavras, citações ou versos para em lições moralizar, pois, sábio é o dito, autenticamente, POPULAR que diz: o que não tem remédio, remediado está.

Até a próxima.